segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

CATECISMO SOBRE A COMUNHÃO FREQUENTE- SÃO JOÃO MARIA VIANNEY


CATECISMO SOBRE A COMUNHÃO FREQUENTE
SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

       Meus filhos, todos os seres da criação precisam alimentar-se para viver: foi por isso que Deus fez crescer as árvores e as plantas; é uma mesa bem servida, onde todos os animais vêm tomar cada alimento que lhe convém. Mas é preciso que a alma também se alimente. Onde está então o alimento dela? Meus filhos, quando Deus quis dar um alimento à nossa alma para sustentá-la na peregrinação da vida, passeou o olhar sobre a criação e não achou nada que fosse digno dela. Então dobrou-se sobre si mesmo e resolveu dar-se. 
   Ó minha alma, como és grande, já que só Deus é que te pode contentar!... O alimento da alma é o Corpo e Sangue de um Deus!  Ó belo alimento! A alma só pode alimentar-se de Deus! Só Deus lhe basta! Só Deus pode enchê-la! Só Deus lhe pode lhe matar a fome! É-lhe preciso absolutamente o seu Deus!... 
   Que felizes são as almas puras que têm a dita de se unirem a Nosso Senhor pela comunhão! No Céu, elas brilharão como belos diamantes, porque Deus se verá nelas (Gloria ejus in te videbitur, disse o Espírito Santo- Is 60,2).  Há em todas as casas um lugar onde se conservam as provisões da família: é a copa. A Igreja é a casa das almas; é a nossa casa, de nós que somos cristãos. Pois bem! Nessa casa há uma copa. Vedes o tabernáculo? Se se perguntasse às almas dos cristãos: Que é aquilo? Vossas almas responderiam: “É a copa”.
   Não há nada tão grande, meus filhos, como a Eucaristia! Ponde todas as boas obras do mundo contra uma comunhão bem feita; será como um grão de pó diante de uma montanha. Fazei um pedido quando tiverdes a Deus no vosso coração; Deus nada vos poderá recusar se Lhe oferecerdes Seu Filho e os merecimentos de Sua Santa Morte e Paixão.
   Meus filhos, se se compreendesse o preço da Sagrada Comunhão, evitar-se-iam as menores faltas para ter a felicidade de fazê-la mais amiúde. Conservar-se-ia a própria alma sempre pura aos olhos de Deus. Reparai, meus filhos, suponho que vos tenhais confessado hoje; haveis de velar sobre vós mesmos; ficareis contentes com o pensamento de que amanhã tereis a ventura de receber o bom Deus no vosso coração... Amanhã, tampouco, podereis ofender a Deus; vossa alma estará toda embalsamada do Sangue Precioso de Nosso Senhor... Ó bela vida!!!
   Ó meus filhos, como será bela na eternidade uma alma que tiver recebido frequente e dignamente o bom Deus! O Corpo de Nosso Senhor brilhará através do nosso corpo, Seu Sangue adorável através do nosso sangue; nossa alma ficará unida à alma de Nosso Senhor durante toda a eternidade... Será lá que ela gozará de uma felicidade pura e perfeita!... Meus filhos, quando uma alma que recebeu Nosso Senhor entra no paraíso, aumenta a alegria do Céu. Os anjos e a Rainha dos anjos vêm ao encontro dela, porque reconhecem o Filho de Deus nessa alma. É então que ela se indeniza das penas e dos sacrifícios que tiver suportado durante a vida.
   Meus filhos, sabe-se quando uma alma recebeu dignamente o sacramento da Eucaristia: Ela fica tão mergulhada no amor, tão penetrada e mudada, que não a reconhecem mais nas suas ações, nas suas palavras... É humilde, é mansa, é mortificada, é caridosa, é modesta, harmoniza-se com todos. É uma alma capaz dos maiores sacrifícios; enfim não é mais reconhecível.
   Ide pois à comunhão, meus filhos, ide a Jesus com amor e confiança! Ide viver Dele, a fim de viver por Ele! Não digais que tendes demasiado que fazer. O divino Salvador não disse: “Vinde a Mim vós que trabalhais e estais sobrecarregados... vinde a Mim, e eu vos aliviarei?” Poderíeis resistir a um convite tão cheio de ternura e de amizade? – Não digais que não sois dignos. É verdade, não sois dignos, mais precisais Dele. Se Nosso Senhor tivesse tido em mira nossa dignidade, nunca teria instituído o Seu Belo Sacramento de amor; porque ninguém no mundo é digno Dele, nem os santos, nem os anjos, nem os arcanjos, nem a Santíssima Virgem... mas Ele teve em mira as nossas necessidades, e nós todos precisamos Dele. Não digais que sois pecadores, que tendes demasiadas misérias e que é por isto que não ousais aproximar-vos Dele. Eu gostaria outro tanto de vos ouvir dizer que estais demasiado doentes, e que é por isto que não quereis tomar remédio, nem chamar o médico...
   Todas as orações da missa são uma preparação para a comunhão; e toda a vida de um cristão deve ser uma preparação para essa grande ação.
  Devemos trabalhar para merecer receber Nosso Senhor todos os dias. Como deveríamos ficar humilhados quando vemos os outros irem à Santa Mesa, e nós ficarmos imóveis no nosso lugar! Como é feliz um anjo custódio que conduz uma bela alma à Santa Mesa! Na primitiva Igreja, comungava-se todos os dias. Quando os cristãos se arrefeceram, substituiu-se o pão bento ao Corpo de Nosso Senhor; é ao mesmo tempo uma consolação e uma humilhação... é pão bento, na verdade, mas não é o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor!
   Há alguns que fazem todos os dias a comunhão espiritual com pão bento. Se estivermos privados da comunhão sacramental, substituamo-la, tanto quanto possível, pela comunhão espiritual, que podemos fazer a cada instante; porquanto devemos estar sempre em um desejo ardente de receber o bom Deus.
   A comunhão faz à alma como um sopro de fole num fogo que começa a apagar-se, mas onde há ainda muita brasa: sopra-se, e o fogo se reanima. Depois da recepção dos sacramentos, quando sentimos o amor de Deus esmorecer, depressa a comunhão espiritual!... Quando não pudermos vir à Igreja, volvamo-nos para a banda do tabernáculo. O bom Deus não tem parede que o detenha. Digamos cinco Pai-Nossos e cinco Ave-Marias para fazer a comunhão espiritual... Nós só podemos receber a Deus uma vez por dia; uma alma abrasada de amor supre a isso pelo desejo de recebê-lo a cada instante.
   Ó homem, como és grande!...  Alimentado e abeberado do Sangue de um Deus! Oh, que doce vida essa vida de união com Deus! É o Paraíso na terra: não há mais cruzes! Quando tendes a ventura de receber o bom Deus, sentis durante algum tempo um gozo, um bálsamo no coração!... As almas puras são sempre assim; por isto essa união lhes faz a força e a ventura.
   Meus filhos, as pessoas que recebem a Sagrada Comunhão no momento da morte são bem felizes! No juízo particular, que se faz imediatamente após a morte, Deus Pai vê seu Filho nelas; não pode condená-las ao inferno.  Oh, não... Vede, meus filhos, como é vantajoso receber os últimos sacramentos! 

Um comentário:

  1. louvado seja Deus por seus filhos de iniciativas heroicas que clamam num vale esperando mais do que os ecos...

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