18 . DEUS PAI EXPLICA COMO ATINGIR A PERFEIÇÃO (Cont. 4)
18.4.3 - Impulso ao apostolado na paciência.
Com tais espressões atendi ao teu pedido (ver 15). O que acabo de dizer foi uma resposta que meu Filho te deu e eu falei na sua pessoa, para compreenderes a dignidade do homem que atinge o segundo degrau - o coração de Cristo - nele adquirindo imenso amor. Tal pessoa passa imediatamente ao terceiro degrau - a boca do Crucificado. Como o faz? Pelo coração! Ela pensa na paixão de Cristo e rebatiza-se no sangue; supera a imperfeição do amor pela caridade cordial; compreende, saboreia, experimenta a chama da minha caridade. Ao atingir a boca de Cristo, tais pessoas revelam-no exercendo a função própria da boca. Vejamos.
A boca fala, saboreia os alimentos, abastece o estômago, tritura com os dentes antes de deglutir. O mesmo acontece com o homem perfeito. Ele fala comigo pelo desejo santo, o qual constitui uma contínua oração. Em sua "fala" espiritual, apresenta-me amorosos anseios pela salvação dos homens; com o uso da palavra anuncia a mensagem do meu Filho, dá conselhos, professa a fé sem medo algum de perseguições, testemunha a todos conforme a condição de cada um. Tal pessoa conquista muitas almas na mesa da santa cruz, após ter superado todas as dificuldades com as armas do desejo santo, que são o desapego de si mesma e o amor pelo bem. Ela vence todas as contrariedades, isto é, as caçoadas, as traições, os aborrecimentos, as acusações falsas, as perseguições; passa fome e sede, frio e calor; terríveis ansiedades, lágrimas e suor - tudo isso pela salvação dos homens. Tais sofrimentos são superados no intuito de louvar-me e sem revoltar-se contra os responsáveis. Após ter triunfado sobre tais contrariedades, o cristão perfeito saboreia os frutos dos seus cansaços, sente o prazer de ter salvado pessoas, goza a felicidade de amar-me e de amar os outros. Assim tudo isso chega ao seu coração, já bem disposto pelo desejo santo. Com amor cordial, a pessoa se alegra e interiormente "rumina" com prazer, esquecida das exigências da vida corporal, toda presa à mensagem de Cristo crucificado. Por fim, o homem perfeito se enriquece pela abundância do alimento, rompe a veste da sensualidade, que é o corpo, o qual envolve a alma, e a destrói. Morre, assim, a "vontade" sensível, morre, porque a vontade ordenada está viva em mim. É o que acontece com o homem que atinge o terceiro degrau atual, a boca do Crucificado.
Sinal de que se chegou a esse ponto é o seguinte: ao ter a experiência da minha caridade, desaparece a vontade própria e a pessoa goza de paz e tranquilidade interior. Imensa é a paz adquirida neste terceiro degrau atual; realmente é na boca que se dá a paz. Uma paz tão grande, que nenhum acontecimento a consegue perturbar. A vontade própria afogou-se, morreu; ficam a paz e a quietude. Quem chega a este degrau não sente dificuldades no praticar o bem ao próximo. Continuam dolorosos os seu sofrimentos, mas já não atingem a vontade própria, que morreu. De boa mente suporta dificuldades por minha causa, vive a mensagem de Cristo crucificado, não desanima diante de injúrias, perseguições ou atrativos do mundo. Tudo vence com fortaleza e perseverança; conforma-se à minha vontade, vive de trabalhar pelos outros. Sim, a paciência é o sinal definitivo de que alguém me ama com perfeição, desinteressadamente. Os perfeitos são pacientes, fortes na luta e perseverantes, pois me amam enquanto suma bondade, digna de amor, e amam a si mesmos e ao próximo por minha causa.
Paciência, fortaleza, perseverança - eis as três virtudes, alicerçadas na caridade e iluminadas pela fé, que fazem o homem andar na verdade, sem trevas. O desejo santo eleva os perfeitos; já ninguém os consegue destruir: nem o demônio com suas tentações, nem os homens com seus ataques. O mundo, ao persegui-los, na realidade os teme. Os perfeitos tornaram-se pequeninos pela humildade; costumo permitir dificuldades para fortalecê-los e engrandecê-los diante de mim e do mundo. Podes comprová-lo em meus santos: como se fizeram pequeninos por minha causa, eu os engrandeci em mim e na Igreja, sendo seus nomes sempre lembrados; escrevi seus nomes no livro da vida; respeita-os o próprio mundo, por eles deixado.
O homem que se acha no terceiro degrau atual oculta por humildade, não por temor, as suas virtudes. Se alguém precisa de seus serviços, não se omite por medo de sofrimentos ou temor de deixar as consolações do espírito; ao contrário, serve aos outros, despreocupado de si mesmo. Quaisquer que sejam as condições de vida, tudo faz para me louvar, sempre alegre, na paz, na quietude de espírito. Qual a explicação? É porque não escolhe modalidades para me servir; serve-me na maneira que eu quero. Tanto lhe vale o tempo do fervor como o da aridez, tanto o momento da contrariedade como o das consolações. Para ele, tanto faz; em tudo só vê a minha vontade. Só deseja conformar-se comigo e em tudo encontra meu beneplácito.
O homem perfeito sabe que nada acontece sem eu querer, sem o mistério, sem minha providência. Menos o pecado, que é uma negação. Odeia, então, o pecado e respeita todo o resto. É firme, seguro em sua decisão de caminhar no caminho da verdade. Serve com fidelidade ao próximo, pouco lhe importando a ignorância e ingratidão alheias. Quando um maldoso o injuria e acusa por seu comportamento, logo se dirige a mim, orando por aquela pessoa. Fica mais ofendido porque a pessoa me ofende e se prejudica, do que pela injúria pessoal. Afirma, com o meu glorioso apóstolo Paulo: "O mundo nos amaldiçoa e nós bendizemos; nos persegue e nós agradecemos; expulsa-nos como lixo e escória do mundo, e nós com paciência suportamos" (1Cor 4,13).
Minha filha, são esses os sinais - sobretudo a paciência - que provam que uma pessoa superou o amor imperfeito e alcançou o perfeito, nas pegadas de meu Filho. Quando meu Filho estava retido na cruz pelos cravos do amor, os judeus lhe diziam: "Desce da cruz e acreditaremos em ti" (Mt 27,40-42), mas ele não cedeu; nem desanima agora pela vossa ingratidão. Cristo perseverou na obediência que lhe fora pedida; sua paciência foi tão grande, que nenhuma murmuração encontramos em suas palavras. Semelhante é o comportamento dos meu queridos filhos, os servidores fiéis, que vivem os ensinamentos e os exemplos de Jesus. Se o mundo procura dissuadi-los com atrativos ou ameaças, não recuam. Apenas querem atingir a meta, a minha verdade! Jamais abandonam o campo de trabalho para voltar à casa em busca da roupa (Mt 24,18), as roupas abandonadas anteriormente, mais própria para agradar às criaturas, que ao criados. Alegremente permanecem no campo da luta, inebriados no sangue de Cristo crucificado.
Foi meu amor que conservou este sangue na despensa jerárquica da santa Igreja, para animar quem deseja ser soldado destemido no combate contra a própria sensualidade, a carne, o mundo, o demônio. Armas dessa luta são o ódio por esses inimigos e o amor pela virtude. Tal amor servirá de escudo diante dos golpes. Por sua liberdade, o homem pode despojar-se dessas armas ofensivas e defensivas, caindo nas mãos inimigas por rendição voluntária. Inebriados no sangue, os perfeitos não agem assim; perseveram até o dia da morte, até que todos os seus inimigos sejam derrotados.
Ó paciência, virtude gloriosa, como és agradável! Como brilhas ante os olhos assombrados daqueles que desejam impedir que meus servidores participem da cruz. Qual resposta ao ódio deles, resplandece o amor de meus servidores que lutam por salvá-los. Em oposição à sua inveja, reluz a mansidão; diante das injúrias, a paciência impera como rainha. Ela é a medula do amor e domina sobre as demais virtudes. A paciência revela as virtudes do homem, pois mostra que elas se acham alicerçadas em mim, verdade eterna. A paciência sempre vence, jamais é vencida. Como ficou dito acima, ela subsiste ao lado da fortaleza e da perseverança, voltando para casa sempre vencedora! É assim que os perfeitos retornam a mim, Pai eterno, remunerador de todos os cansaços, quando regressam do campo da luta para receber a coroa da glória.
18.4.3 - Impulso ao apostolado na paciência.
Com tais espressões atendi ao teu pedido (ver 15). O que acabo de dizer foi uma resposta que meu Filho te deu e eu falei na sua pessoa, para compreenderes a dignidade do homem que atinge o segundo degrau - o coração de Cristo - nele adquirindo imenso amor. Tal pessoa passa imediatamente ao terceiro degrau - a boca do Crucificado. Como o faz? Pelo coração! Ela pensa na paixão de Cristo e rebatiza-se no sangue; supera a imperfeição do amor pela caridade cordial; compreende, saboreia, experimenta a chama da minha caridade. Ao atingir a boca de Cristo, tais pessoas revelam-no exercendo a função própria da boca. Vejamos.
A boca fala, saboreia os alimentos, abastece o estômago, tritura com os dentes antes de deglutir. O mesmo acontece com o homem perfeito. Ele fala comigo pelo desejo santo, o qual constitui uma contínua oração. Em sua "fala" espiritual, apresenta-me amorosos anseios pela salvação dos homens; com o uso da palavra anuncia a mensagem do meu Filho, dá conselhos, professa a fé sem medo algum de perseguições, testemunha a todos conforme a condição de cada um. Tal pessoa conquista muitas almas na mesa da santa cruz, após ter superado todas as dificuldades com as armas do desejo santo, que são o desapego de si mesma e o amor pelo bem. Ela vence todas as contrariedades, isto é, as caçoadas, as traições, os aborrecimentos, as acusações falsas, as perseguições; passa fome e sede, frio e calor; terríveis ansiedades, lágrimas e suor - tudo isso pela salvação dos homens. Tais sofrimentos são superados no intuito de louvar-me e sem revoltar-se contra os responsáveis. Após ter triunfado sobre tais contrariedades, o cristão perfeito saboreia os frutos dos seus cansaços, sente o prazer de ter salvado pessoas, goza a felicidade de amar-me e de amar os outros. Assim tudo isso chega ao seu coração, já bem disposto pelo desejo santo. Com amor cordial, a pessoa se alegra e interiormente "rumina" com prazer, esquecida das exigências da vida corporal, toda presa à mensagem de Cristo crucificado. Por fim, o homem perfeito se enriquece pela abundância do alimento, rompe a veste da sensualidade, que é o corpo, o qual envolve a alma, e a destrói. Morre, assim, a "vontade" sensível, morre, porque a vontade ordenada está viva em mim. É o que acontece com o homem que atinge o terceiro degrau atual, a boca do Crucificado.
Sinal de que se chegou a esse ponto é o seguinte: ao ter a experiência da minha caridade, desaparece a vontade própria e a pessoa goza de paz e tranquilidade interior. Imensa é a paz adquirida neste terceiro degrau atual; realmente é na boca que se dá a paz. Uma paz tão grande, que nenhum acontecimento a consegue perturbar. A vontade própria afogou-se, morreu; ficam a paz e a quietude. Quem chega a este degrau não sente dificuldades no praticar o bem ao próximo. Continuam dolorosos os seu sofrimentos, mas já não atingem a vontade própria, que morreu. De boa mente suporta dificuldades por minha causa, vive a mensagem de Cristo crucificado, não desanima diante de injúrias, perseguições ou atrativos do mundo. Tudo vence com fortaleza e perseverança; conforma-se à minha vontade, vive de trabalhar pelos outros. Sim, a paciência é o sinal definitivo de que alguém me ama com perfeição, desinteressadamente. Os perfeitos são pacientes, fortes na luta e perseverantes, pois me amam enquanto suma bondade, digna de amor, e amam a si mesmos e ao próximo por minha causa.
Paciência, fortaleza, perseverança - eis as três virtudes, alicerçadas na caridade e iluminadas pela fé, que fazem o homem andar na verdade, sem trevas. O desejo santo eleva os perfeitos; já ninguém os consegue destruir: nem o demônio com suas tentações, nem os homens com seus ataques. O mundo, ao persegui-los, na realidade os teme. Os perfeitos tornaram-se pequeninos pela humildade; costumo permitir dificuldades para fortalecê-los e engrandecê-los diante de mim e do mundo. Podes comprová-lo em meus santos: como se fizeram pequeninos por minha causa, eu os engrandeci em mim e na Igreja, sendo seus nomes sempre lembrados; escrevi seus nomes no livro da vida; respeita-os o próprio mundo, por eles deixado.
O homem que se acha no terceiro degrau atual oculta por humildade, não por temor, as suas virtudes. Se alguém precisa de seus serviços, não se omite por medo de sofrimentos ou temor de deixar as consolações do espírito; ao contrário, serve aos outros, despreocupado de si mesmo. Quaisquer que sejam as condições de vida, tudo faz para me louvar, sempre alegre, na paz, na quietude de espírito. Qual a explicação? É porque não escolhe modalidades para me servir; serve-me na maneira que eu quero. Tanto lhe vale o tempo do fervor como o da aridez, tanto o momento da contrariedade como o das consolações. Para ele, tanto faz; em tudo só vê a minha vontade. Só deseja conformar-se comigo e em tudo encontra meu beneplácito.
O homem perfeito sabe que nada acontece sem eu querer, sem o mistério, sem minha providência. Menos o pecado, que é uma negação. Odeia, então, o pecado e respeita todo o resto. É firme, seguro em sua decisão de caminhar no caminho da verdade. Serve com fidelidade ao próximo, pouco lhe importando a ignorância e ingratidão alheias. Quando um maldoso o injuria e acusa por seu comportamento, logo se dirige a mim, orando por aquela pessoa. Fica mais ofendido porque a pessoa me ofende e se prejudica, do que pela injúria pessoal. Afirma, com o meu glorioso apóstolo Paulo: "O mundo nos amaldiçoa e nós bendizemos; nos persegue e nós agradecemos; expulsa-nos como lixo e escória do mundo, e nós com paciência suportamos" (1Cor 4,13).
Minha filha, são esses os sinais - sobretudo a paciência - que provam que uma pessoa superou o amor imperfeito e alcançou o perfeito, nas pegadas de meu Filho. Quando meu Filho estava retido na cruz pelos cravos do amor, os judeus lhe diziam: "Desce da cruz e acreditaremos em ti" (Mt 27,40-42), mas ele não cedeu; nem desanima agora pela vossa ingratidão. Cristo perseverou na obediência que lhe fora pedida; sua paciência foi tão grande, que nenhuma murmuração encontramos em suas palavras. Semelhante é o comportamento dos meu queridos filhos, os servidores fiéis, que vivem os ensinamentos e os exemplos de Jesus. Se o mundo procura dissuadi-los com atrativos ou ameaças, não recuam. Apenas querem atingir a meta, a minha verdade! Jamais abandonam o campo de trabalho para voltar à casa em busca da roupa (Mt 24,18), as roupas abandonadas anteriormente, mais própria para agradar às criaturas, que ao criados. Alegremente permanecem no campo da luta, inebriados no sangue de Cristo crucificado.
Foi meu amor que conservou este sangue na despensa jerárquica da santa Igreja, para animar quem deseja ser soldado destemido no combate contra a própria sensualidade, a carne, o mundo, o demônio. Armas dessa luta são o ódio por esses inimigos e o amor pela virtude. Tal amor servirá de escudo diante dos golpes. Por sua liberdade, o homem pode despojar-se dessas armas ofensivas e defensivas, caindo nas mãos inimigas por rendição voluntária. Inebriados no sangue, os perfeitos não agem assim; perseveram até o dia da morte, até que todos os seus inimigos sejam derrotados.
Ó paciência, virtude gloriosa, como és agradável! Como brilhas ante os olhos assombrados daqueles que desejam impedir que meus servidores participem da cruz. Qual resposta ao ódio deles, resplandece o amor de meus servidores que lutam por salvá-los. Em oposição à sua inveja, reluz a mansidão; diante das injúrias, a paciência impera como rainha. Ela é a medula do amor e domina sobre as demais virtudes. A paciência revela as virtudes do homem, pois mostra que elas se acham alicerçadas em mim, verdade eterna. A paciência sempre vence, jamais é vencida. Como ficou dito acima, ela subsiste ao lado da fortaleza e da perseverança, voltando para casa sempre vencedora! É assim que os perfeitos retornam a mim, Pai eterno, remunerador de todos os cansaços, quando regressam do campo da luta para receber a coroa da glória.