18 . DEUS PAI EXPLICA COMO ATINGIR A PERFEIÇÃO (Cont. 3)
18.4 - Os sinais da perfeição.
Até agora eu te fiz ver, por diversos modos, como a alma supera o amor imperfeito e qual é seu comportamento quando chega ao amor-amizade e filial. Afirmei, e torno a repetir, a maneira consiste na perseverança e no autoconhecimento. Esse conhecimento de si, porém, deve ser acompanhado pelo conhecimento da minha bondade, sob pena de cair na perturbação interior. O autoconhecimento produz certo desprezo pelo apetite sensível e pelas consolações; tal desprezo, alicerçado na humildade, gera a paciência; esta, por sua vez, fortifica o homem na luta contra o demônio, as perseguições humanas, e regula seu comportamento para comigo no momento em que eu retirar o fervor espiritual. Tudo isso é tolerado com paciência. Se a sensualidade quiser incomodar, revoltando-se contra a razão, então a consciência agirá como juiz e fará a racionalidade prevalecer, coibindo os impulsos errados. Infelizmente há pessoas que, ao dominar a sensualidade, exageram e são radicais, tanto no que se refere aos impulsos maus como às inspirações mandadas por mim. Disto falava Gregório, meu servidor, dizendo: "A consciência delicada põe pecado onde ele não ocorre. Quem pretende vencer a imperfeição deverá agir da seguinte forma: sob a luz da fé, enclausura-se no conhecimento do próprio nada, imite os apóstolos que permaneceram no Cenáculo, perseverantes na oração humilde e contínua, até a vinda do Espírito Santo. Como já disse, o comportamento de quem supera o amor imperfeito é o seguinte: fecha-se em casa para dela sair na perfeição; ali permanece em vigília de oração, conservando o pensamento fixo na mensagem do meu Filho, examina-se orando e, com o desejo santo, humilha-se diante das obras que opero em sua pessoa.
18.4.1 - Efusão do Espírito Santo.
Resta-me falar sobre os sinais reveladores de que alguém atingiu o amor perfeito. Pois bem, o sinal é o mesmo que aconteceu aos apóstolos, após terem recebido o Espírito Santo: saíram do Cenáculo pregando a mensagem do meu Filho. Já não temiam os sofrimento, gloriavam-se até de padecer, não se preocupavam ao enfrentar os tiranos deste mundo, dizendo-lhes a verdade e promovendo a minha glória e louvor.
Quando uma pessoa entra para a vigília do autoconhecimento, segundo a maneira que expliquei, retorno a ela com a chama do meu amor. Durante essa amorosa vigília, ela adquire as virtudes na perseverança; participa do meu poder e domina a própria sensualidade; participa da sabedoria do Filho, que lhe permite conhecer a verdade, a falácia das consolações, a maldade enganadora do demônio. Tudo isto a faz superar a imperfeição e aderir ao amor perfeito, participando do próprio Espírito Santo, que é o Amor. Sua vontade é fortalecida para suportar os sofrimentos, com a coragem de sair de si mesma em meu nome e trabalhar em favor do próximo. No apostolado, tal pessoa não abandona a cela do autoconhecimento. Suas virtudes se exteriorizam por diversas formas, reversando-se sobre o próximo necessitado. O temor que retinha os imperfeitos, o medo de perder as consolações sensíveis desaparecem. Ao atingir o perfeito amor, o homem sai de si mesmo, abandona o próprio modo egoísta de viver.
Tal atividade faz passar ao quarto estado. Do terceiro estado - que é o perfeito e no qual a pessoa saboreia e pratica a caridade fraterna - passa ao último, o da perfeita união. Estes dois estados - o terceiro e o quarto - estão intimamente unidos entre si; um não existe sem o outro, tal como acontece com o amor pelo próximo e o amor por mim. É quanto vou demonstrar, falando do terceiro estado.
18.4.2 - Compreensão da caridade de Cristo.
Disse que o sinal de que alguém superou a imperfeição e atingiu o amor perfeito é a "saída de si mesmo". Presta atenção e considera como essas pessoas caminham rápidas pela ponte-mensagem de Cristo crucificado, que foi na terra vossa norma, caminho e verdade. Elas não me olham à maneira dos imperfeitos. Estes, como temem os sofrimentos, amam-me porque em mim não acham a dor. Na realidade não procuram a mim, mas querem as consolações que em mim encontram. Os perfeitos agem de outro modo; como que embriagados e inflamados de caridade, percorrem os três degraus, por mim simbolizados antes (16.1) nas três faculdades da alma, e que agora apresento na figura do corpo de Cristo crucificado: subiram aos pés de Cristo pelo duplo amor da alma e chegaram ao costado, onde descobrem o "segredo" do coração e o valor do batismo na água. Compreendem que este alcança seu valor no sangue de Cristo, pois pela graça batismal a alma fica unida e amalgamada no sangue.
Sim, é no costado de Cristo que o homem entende essa realidade: é aí que ele toma consciência da grandeza do amor divino. Se bem te lembras, foi quanto te mostrou certa vez, meu Filho Jesus. Tu lhe perguntaste: "O Cordeiro bondoso e imaculado, já estavas morto quando te abriram o costado. Por que razão quiseste que teu coração fosse ferido e aberto?"
Ele respondeu:
"As razões são muitas. Vou dizer a principal. Meu amor pela humanidade é infinito, mas o sofrimento não o era. Desse modo, o padecimento corporal não era capaz de revelar meu amor sem medidas. Foi para que se manifestasse esse segredo do coração, que o costado foi aberto. Com isso, compreenderíeis mais de quanto dizia o conhecimento externo. Quando permiti que jorrasse sangue e água, fiz ver que o batismo na água recebe sua força na paixão. Existem dois modos de se "batizar" no sangue: o primeiro é o daqueles que derramam o seu sangue por mim; tal batismo vale, mesmo que não seja possível batizar-se na água. O segundo, é o batismo feito no fogo, pelo desejo não realizado de receber o batismo na água; também neste caso só se dá o batismo na virtude do sangue e do amor que se entrelaçam, pois o sangue foi derramado por amor. Um terceiro modo de batizar-se no sangue - mas em sentido figurado - foi providenciado pelo Pai, o qual reconhece a fraqueza humana. Costuma o homem cair em pecado mortal embora nenhuma força externa, graças à sua liberdade, o possa obrigar, incluindo a própria fraqueza. Pelo pecado mortal a pessoa perde a graça batismal; como remédio, o Pai deixou a penitência, que constitui um perene batismo no sangue. Ela é recebida mediante a contrição e confissão dos pecados aos ministros; possuindo a chave do sangue, eles, pela absolvição, o derramam na face da alma. Sendo impossível a confissão, basta a contrição interior, pois com ela o meu Espírito vos dá o perdão. Mas se a confissão for possível, quero que a façais; não recebe perdão aquele que, podendo fazê-lo, não a procura. É verdade que poderá obter o perdão no último instante da vida aquele que desejar confessar e não o conseguir; mas ninguém será tão louco para confiar nessa possibilidade, deixando para resolver seus problemas na hora da morte. Ninguém pode ter a certeza de não cair na obstinação, de modo que por justiça eu lhe diga: "Não te lembraste de mim durante a vida, no tempo oportuno; também eu não me recordo de ti na hora da morte". Portanto, não se deve deixar para depois. E se algum de vós retardou (a penitência) por imperfeição, não deixe tal batismo para o derradeiro momento. Como vês, a penitência é um "batismo" perene. Nele o homem deve ir se batizando até o fim da vida. A confissão manifesta como a minha morte na cruz foi um ato finito, mas com efeitos infinitos para vós. Qual Verbo encarnado, eu suportei o sofrimento; pela união das duas naturezas, a divindade eterna assumiu tudo o que padeci com imenso amor. Neste sentido, pode-se afirmar que minha dor foi infinita, embora não tenham sido assim a dor corporal e a pena do desejo que eu tinha de remir o mundo, pois cessaram com a morte. Quanto ao perdão, fruto daquele sofrimento, foi infinito, como tal o recebeis. Em caso contrário, a humanidade presente, a passada e a futura ainda estariam no seu pecado, e pecador algum receberia o perdão. Eis quanto eu manifestei na chaga do meu peito, no momento em que compreendeste o segredo do meu coração. Fiz ver que meu amor por vós é mais profundo de quanto possa indicar a dor passageira. Aliás, a minha misericórdia continua a revelar-se através da confissão, este "batismo" no sangue que deveis receber com amor, visto que por amor foi versado. O mesmo acontece com o batismo da água, oferecido a quantos o querem ter, pois a água está unida ao sangue e ao fogo do amor. Por ocasião do batismo de água, a alma reveste-se de sangue; é o que fazem ver o sangue e a água que escorreram do costado aberto".
18.4 - Os sinais da perfeição.
Até agora eu te fiz ver, por diversos modos, como a alma supera o amor imperfeito e qual é seu comportamento quando chega ao amor-amizade e filial. Afirmei, e torno a repetir, a maneira consiste na perseverança e no autoconhecimento. Esse conhecimento de si, porém, deve ser acompanhado pelo conhecimento da minha bondade, sob pena de cair na perturbação interior. O autoconhecimento produz certo desprezo pelo apetite sensível e pelas consolações; tal desprezo, alicerçado na humildade, gera a paciência; esta, por sua vez, fortifica o homem na luta contra o demônio, as perseguições humanas, e regula seu comportamento para comigo no momento em que eu retirar o fervor espiritual. Tudo isso é tolerado com paciência. Se a sensualidade quiser incomodar, revoltando-se contra a razão, então a consciência agirá como juiz e fará a racionalidade prevalecer, coibindo os impulsos errados. Infelizmente há pessoas que, ao dominar a sensualidade, exageram e são radicais, tanto no que se refere aos impulsos maus como às inspirações mandadas por mim. Disto falava Gregório, meu servidor, dizendo: "A consciência delicada põe pecado onde ele não ocorre. Quem pretende vencer a imperfeição deverá agir da seguinte forma: sob a luz da fé, enclausura-se no conhecimento do próprio nada, imite os apóstolos que permaneceram no Cenáculo, perseverantes na oração humilde e contínua, até a vinda do Espírito Santo. Como já disse, o comportamento de quem supera o amor imperfeito é o seguinte: fecha-se em casa para dela sair na perfeição; ali permanece em vigília de oração, conservando o pensamento fixo na mensagem do meu Filho, examina-se orando e, com o desejo santo, humilha-se diante das obras que opero em sua pessoa.
18.4.1 - Efusão do Espírito Santo.
Resta-me falar sobre os sinais reveladores de que alguém atingiu o amor perfeito. Pois bem, o sinal é o mesmo que aconteceu aos apóstolos, após terem recebido o Espírito Santo: saíram do Cenáculo pregando a mensagem do meu Filho. Já não temiam os sofrimento, gloriavam-se até de padecer, não se preocupavam ao enfrentar os tiranos deste mundo, dizendo-lhes a verdade e promovendo a minha glória e louvor.
Quando uma pessoa entra para a vigília do autoconhecimento, segundo a maneira que expliquei, retorno a ela com a chama do meu amor. Durante essa amorosa vigília, ela adquire as virtudes na perseverança; participa do meu poder e domina a própria sensualidade; participa da sabedoria do Filho, que lhe permite conhecer a verdade, a falácia das consolações, a maldade enganadora do demônio. Tudo isto a faz superar a imperfeição e aderir ao amor perfeito, participando do próprio Espírito Santo, que é o Amor. Sua vontade é fortalecida para suportar os sofrimentos, com a coragem de sair de si mesma em meu nome e trabalhar em favor do próximo. No apostolado, tal pessoa não abandona a cela do autoconhecimento. Suas virtudes se exteriorizam por diversas formas, reversando-se sobre o próximo necessitado. O temor que retinha os imperfeitos, o medo de perder as consolações sensíveis desaparecem. Ao atingir o perfeito amor, o homem sai de si mesmo, abandona o próprio modo egoísta de viver.
Tal atividade faz passar ao quarto estado. Do terceiro estado - que é o perfeito e no qual a pessoa saboreia e pratica a caridade fraterna - passa ao último, o da perfeita união. Estes dois estados - o terceiro e o quarto - estão intimamente unidos entre si; um não existe sem o outro, tal como acontece com o amor pelo próximo e o amor por mim. É quanto vou demonstrar, falando do terceiro estado.
18.4.2 - Compreensão da caridade de Cristo.
Disse que o sinal de que alguém superou a imperfeição e atingiu o amor perfeito é a "saída de si mesmo". Presta atenção e considera como essas pessoas caminham rápidas pela ponte-mensagem de Cristo crucificado, que foi na terra vossa norma, caminho e verdade. Elas não me olham à maneira dos imperfeitos. Estes, como temem os sofrimentos, amam-me porque em mim não acham a dor. Na realidade não procuram a mim, mas querem as consolações que em mim encontram. Os perfeitos agem de outro modo; como que embriagados e inflamados de caridade, percorrem os três degraus, por mim simbolizados antes (16.1) nas três faculdades da alma, e que agora apresento na figura do corpo de Cristo crucificado: subiram aos pés de Cristo pelo duplo amor da alma e chegaram ao costado, onde descobrem o "segredo" do coração e o valor do batismo na água. Compreendem que este alcança seu valor no sangue de Cristo, pois pela graça batismal a alma fica unida e amalgamada no sangue.
Sim, é no costado de Cristo que o homem entende essa realidade: é aí que ele toma consciência da grandeza do amor divino. Se bem te lembras, foi quanto te mostrou certa vez, meu Filho Jesus. Tu lhe perguntaste: "O Cordeiro bondoso e imaculado, já estavas morto quando te abriram o costado. Por que razão quiseste que teu coração fosse ferido e aberto?"
Ele respondeu:
"As razões são muitas. Vou dizer a principal. Meu amor pela humanidade é infinito, mas o sofrimento não o era. Desse modo, o padecimento corporal não era capaz de revelar meu amor sem medidas. Foi para que se manifestasse esse segredo do coração, que o costado foi aberto. Com isso, compreenderíeis mais de quanto dizia o conhecimento externo. Quando permiti que jorrasse sangue e água, fiz ver que o batismo na água recebe sua força na paixão. Existem dois modos de se "batizar" no sangue: o primeiro é o daqueles que derramam o seu sangue por mim; tal batismo vale, mesmo que não seja possível batizar-se na água. O segundo, é o batismo feito no fogo, pelo desejo não realizado de receber o batismo na água; também neste caso só se dá o batismo na virtude do sangue e do amor que se entrelaçam, pois o sangue foi derramado por amor. Um terceiro modo de batizar-se no sangue - mas em sentido figurado - foi providenciado pelo Pai, o qual reconhece a fraqueza humana. Costuma o homem cair em pecado mortal embora nenhuma força externa, graças à sua liberdade, o possa obrigar, incluindo a própria fraqueza. Pelo pecado mortal a pessoa perde a graça batismal; como remédio, o Pai deixou a penitência, que constitui um perene batismo no sangue. Ela é recebida mediante a contrição e confissão dos pecados aos ministros; possuindo a chave do sangue, eles, pela absolvição, o derramam na face da alma. Sendo impossível a confissão, basta a contrição interior, pois com ela o meu Espírito vos dá o perdão. Mas se a confissão for possível, quero que a façais; não recebe perdão aquele que, podendo fazê-lo, não a procura. É verdade que poderá obter o perdão no último instante da vida aquele que desejar confessar e não o conseguir; mas ninguém será tão louco para confiar nessa possibilidade, deixando para resolver seus problemas na hora da morte. Ninguém pode ter a certeza de não cair na obstinação, de modo que por justiça eu lhe diga: "Não te lembraste de mim durante a vida, no tempo oportuno; também eu não me recordo de ti na hora da morte". Portanto, não se deve deixar para depois. E se algum de vós retardou (a penitência) por imperfeição, não deixe tal batismo para o derradeiro momento. Como vês, a penitência é um "batismo" perene. Nele o homem deve ir se batizando até o fim da vida. A confissão manifesta como a minha morte na cruz foi um ato finito, mas com efeitos infinitos para vós. Qual Verbo encarnado, eu suportei o sofrimento; pela união das duas naturezas, a divindade eterna assumiu tudo o que padeci com imenso amor. Neste sentido, pode-se afirmar que minha dor foi infinita, embora não tenham sido assim a dor corporal e a pena do desejo que eu tinha de remir o mundo, pois cessaram com a morte. Quanto ao perdão, fruto daquele sofrimento, foi infinito, como tal o recebeis. Em caso contrário, a humanidade presente, a passada e a futura ainda estariam no seu pecado, e pecador algum receberia o perdão. Eis quanto eu manifestei na chaga do meu peito, no momento em que compreendeste o segredo do meu coração. Fiz ver que meu amor por vós é mais profundo de quanto possa indicar a dor passageira. Aliás, a minha misericórdia continua a revelar-se através da confissão, este "batismo" no sangue que deveis receber com amor, visto que por amor foi versado. O mesmo acontece com o batismo da água, oferecido a quantos o querem ter, pois a água está unida ao sangue e ao fogo do amor. Por ocasião do batismo de água, a alma reveste-se de sangue; é o que fazem ver o sangue e a água que escorreram do costado aberto".
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