sexta-feira, 8 de agosto de 2014

24 . A TRÍPLICE ILUMINAÇÃO DO HOMEM.

24 . A TRÍPLICE ILUMINAÇÃO DO HOMEM.


Então o eterno Deus lhe disse:
- Para melhor compreenderes o que vou dize, começo por falar de algo que é pressuposto às tuas perguntas, ou seja, quais são as três iluminações que procedem de mim, luz verdadeira. A primeira é dada de modo geral, para as pessoas que vivem na "caridade comum" (v. 14.11). Mas já falei dela, bem como das duas outras. Vou repetir assuntos abordados, para que consigas entender bem as respostas ao que perguntaste. As duas iluminações seguintes encontram-se nas pessoas que tendem à perfeição. Falarei das três, descendo aos particulares daquilo que expliquei no geral.

24.1 - Iluminação da "caridade comum"

Como afirmei antes (14.10), ninguém consegue seguir o caminho da verdade sem a luz da razão - recebida de mim com a inteligência - e sem aluz da fé, infundida na hora do santo batismo, supondo que não destruais esta última com vossos pecados. No batismo, a luz da fé vos é dada na força do sangue de meu Filho. Associada à luz da razão, ela vos alcança a vida e ajuda na caminhada para a verdade. Sem a fé iríeis nas trevas. Desta iluminação da fé derivam as duas outras, e até uma terceira, que vos são necessárias.
A primeira iluminação revela ao homem a transitoriedade das realidades terrenas, que passam como o vento. Tal atitude supõe, todavia, que tenhais consciência da própria fraqueza, tão inclinada a rebelar-se, já que existe nos vossos membros uma lei perversa (Rm 7,23), que vos leva a revoltar-se contra mim, vosso criador. Tal "lei" não obriga ninguém a pecar contra sua vontade, todavia combate contra o espírito. Permiti semelhante lei, não para serdes vencidos, mas a fim de provar vossas virtudes. É nas situações adversas que as virtudes são experimentadas. A sensualidade opõe-se ao espírito; é através dela que o homem comprova seu amor por mim, o criador. De que modo? Opondo-se às suas tendências, derrotando-as. Quis eu ainda, essa perversa lei para que o homem fosse humilde. Criei-o à minha imagem e semelhança, dei-lhe grande dignidade e beleza. Unindo a alma a um corpo, dei-lhe aquela lei como companheira. Era minha intensão que a alma não se orgulhasse diante da própria beleza. Para quem tem fé, portanto, o corpo é instrumento de humildade. O corpo é frágil, nada possui que seja razão de orgulho, pelo contrário, deve ser motivo de verdadeira e perfeita humildade. De si mesma a sensualidade não conduz ninguém ao pecado, mas apenas induz ao reconhecimento do próprio nada; revela a fragilidade do que é terreno.
 É preciso que a inteligência humana, sob a luz da fé, reconheça tal coisa; trata-se justamente daquela iluminação "geral" de que falei, indispensável para todos os que desejam participar da vida da graça, aproveitando os efeitos da morte do Cordeiro imaculado. Ela é necessária para todos, qualquer que seja o estado de vida; é a iluminação da "caridade comum", universal. Todos (os cristãos) devem possuí-la, sob pena de serem condenados; quem não a tem, não está na graça divina; desconhece o pecado, suas causas; por isso não o odeia, não o evita. Ora, a pessoa que ignora o bem e a virtude não pode reconhecer-me, não pode ser virtuosa, não adquire a graça, único meio que a mim conduz. Percebes quanto é importante esta iluminação?
Vossos pecados consistem no amor por realidades que abomino; consistem em abominar coisas que eu amo. Pois bem! Amo a virtude, detesto o vício. Quem ama o vício, ofende-me; é um cego a caminhar, sem saber o que é o pecado, o que é o egoísmo, quais são as consequências do pecado. O pecador ignora o que seja a virtude, ignora que sou a fonte da vida, desconhece a dignidade da graça na prática das virtudes. Bem vês, a ignorância é a raiz de seus males. Donde a necessidade desta iluminação.

24.2 - Iluminação dos imperfeitos   

Após ter recebido a precedente iluminação geral, o cristão não deve dar-se por satisfeito. Enquanto viveis neste mundo, podeis e deveis progredir. Se alguém estaciona, por isso mesmo retrocede. É necessário crescer naquela iluminação recebida com a graça, ou superar o que é imperfeito para atingir a perfeição. De fato, existe uma segunda iluminação para quem aspira à perfeição. Ela é dupla para aqueles que se elevaram do comum comportamento no mundo.
O primeiro é dos que se põem a castigar o corpo com grandes penitências, com a intenção de sujeitar a sensibilidade ao controle da razão. Estes dedicam mais esforço em dominar o corpo, que em destruir a vontade própria como já disse antes. São homens que vivem de penitências. Conseguirão ser bons, até perfeitos, se agirem com discernimento, se possuírem um humilde conhecimento de si mesmos e da minha divindade, se julgarem a respeito de si mesmos como eu o faço e não à maneira dos homens. Se a estes penitentes faltar humildade e conformação à minha vontade, regredirão na virtude. Estes últimos costumam condenar quem caminha por outras estradas; empenham-se unicamente na mortificação do corpo, não da vontade; gostam de escolher para si, de acordo com as próprias preferências, ocasiões, situações e confortos espirituais, bem como os sofrimentos e lutas contra o demônio. De tudo isso já falei quando me ocupei do estado próprio dos imperfeitos (18.1.2). Enganados por aquilo que denominei "egoísmo espiritual", tais pessoas se iludem, dizendo: "Gostaria de sentir estas e estas consolações, ao invés de sofrer as presentes impugnações e tentações do demônio. Não por mim mesmo, mas para poder agradar mais a Deus, para possuí-lo mais intensamente através da graça. Penso que nas consolações eu o experimentaria e o possuiria melhor!".
Com semelhante atitude, o homem termina muitas vezes na angústia e no desânimo, desespera-se, prejudica o próprio aperfeiçoamento, sem perceber que na base de tudo está o orgulho. Se em lugar do orgulho houvesse humildade, compreenderia que eu, bondade primeira bondosíssima, dou tudo - estado da alma, acontecimentos, acontecimentos, situações, consolações, sofrimentos - em conformidade com as exigências da vossa santificação, visando vosso aperfeiçoamento; entenderia que tudo faço por amor. É no amor que a pessoa há de aceitar todos os eventos, como o fazem aqueles que estão no terceiro e quarto estados dos quais passo a falar.

  24.3 - Iluminação dos perfeitos

O segundo modo de caminhar no aperfeiçoamento encontra-se no terceiro estado; os que chegam a esta iluminação comportam-se bem em tudo que fazem, respeitando devidamente tudo quanto lhes sucede. Disto já falei brevemente ao tratar do terceiro e quarto estados (18.4 e 18.5). Julgam-se merecedores das contrariedades provocadas pelo mundo, indignos de qualquer consolação, de qualquer conforto depois do sofrimento. Nesta iluminação eles compreendem que minha vontade eterna apenas deseja seu bem; tudo quero ou permito para que sejais santos. Com esse conhecimento, o homem se conforma ao meu querer e se preocupa unicamente em achar os meios necessários para santificar-se. Deseja louvar-me e glorificar-me. Fixa então o olhar da fé em Jesus crucificado e nele encontra a norma de todos, perfeitos e imperfeitos. A descoberta dessa mensagem de perfeição do Verbo encarnado leva-os a se apaixonarem por ela. Eis em que consiste tal mensagem de perfeição: que Cristo, repleto de desejo santo, vivia sedento da minha glória e salvação dos homens; que em força desse desejo santo, ele correu ao encontro da terrível morte na cruz, cumprindo a obediência que eu lhe impusera; que não procurou evitar as dificuldades e injúrias, nem desanimou diante da ingratidão e má vontade humana em reconhecer o grande dom aos homens oferecido; que não fugiu das perseguições dos judeus, das caçoadas, críticas e vociferações do povo, mas pelo contrário, tudo venceu, como autêntico general, como bom soldado colocado por mim no campo da luta a fim de libertar-vos das mãos do diabo. Sim, Cristo vos libertou da pior escravidão! Ao versar seu sangue num imenso ato de caridade, ensinou-vos a estrada que conduz até mim e disse: "Eu construí o caminho, com minha paixão abri a porta; não sejais negligentes em caminhar, permanecendo sentados no egoísmo, de má vontade, com a presunção de servir-me a vosso modo. Eu, Verbo eterno, fiz a estrada em mim mesmo e a percorri no sangue".
Levantai-vos, pois, e imitai o Verbo encarnado! Ninguém pode vir a mim, senão por meio dele (Jo 14,6). Ele é o caminho e a porta, pelos quais deveis passar antes de atingir-me, oceano de paz.
Quem recebe esta iluminação, alegremente procura a mesa do desejo santo, sem pensar em si mesmo quanto a consolações espirituais e materiais. Tendo imergido sua vontade nessa luz, aceita todos os cansaços, venham de onde vierem; suporta as tentações do demônio e as oposições dos homens; junto à cruz, arde no desejo de minha glória e da salvação humana. Nenhuma recompensa procura, seja da minha parte como da parte dos homens. O perfeito despojou-se do amor interesseiro (18.1.2), pelo qual me amava pensando em si mesmo. Agora, uma luz sem defeito o envolve. Ama-me desinteressadamente, sem aspirar por consolações; ama o próximo sem esperar compensações pessoais. Ama simplesmente por amar! Tais pessoas já não mais se pertencem. Despojaram-se do homem velho - a sensibilidade - e revestiram-se do novo, Jesus Cristo, a quem seguem virilmente. Tomados pelo desejo santo, procuram dominar a própria vontade, mortificar o corpo. Fazem penitências, mas não como se fossem a sua meta principal; fazem-nas apenas par eliminar a vontade própria, na maneira que expliquei ao falar daquela minha expressão: "Gosto de poucas palavras e de muitas ações". Tal deve ser também vosso modo de agir. O maior esforço oriente-se para a destruição do egoísmo; imite-se o Cristo crucificado, com o desejo de glorificar-me e de salvar a humanidade. É o modo de agir daqueles que se encontram nesta iluminação. Vivem em paz, tranquilos. Uma vez eliminado o fundamento de todo o mal, que é a vontade própria, já não se perturbam. Eles sabem que as perseguições do mundo e do demônio, são permitidas por mim. Mesmo num mar de contradições, saem ilesos. São ramos enxertados no tronco do amor.
Alegram-se em todos os acontecimentos. Os perfeitos e perfeitíssimos nada julgam sobre os meus servidores; nem a respeito de ninguém. Tudo os leva a exclamar: "Agradeço-te, Pai eterno, porque em tua casa existem muitas moradas". Notando diversos modos de agir, alegram-se mais do que se vissem todos caminhar por uma mesma estrada; compreendem que dessa maneira meu ser é mais bem revelado. Sempre otimistas, de todas as coisas extraem o perfume da rosa, e não apenas aquilo que é bom. No que se refere às ações que parecem pecado, preferem não omitir juízos. Unicamente sentem compaixão. Oram pelos pecadores e com humildade refletem: "Hoje toca a ti, amanhã a mim, se a graça divina não me proteger".
Ó filha querida, apaixona-te por este excelente estado de perfeição. Vê como esses progridem sob tão grande iluminação. Como são grandes! Têm o espírito santificado, estão sedentos pelo desejo santo, preocupam-se com a salvação dos outros, porque me amam. Revestiram-se de meu Filho, vivem sua mensagem com inflamado amor. Não perdem tempo a julgar falsamente meus servidores, nem a condenar os que seguem o mundo; não se preocupam com as maledicências contra si e contra os outros: se forem contra si mesmos, suportam-nas alegremente por meu amor; se forem contra o próximo, sentem compaixão e não ficam a murmurar contra o ofensor ou o ofendido; sua caridade para com os outros é reta, sem distorções. Assim sendo, filha caríssima, não se escandalizam, nem pelas pessoas amadas nem por ninguém. Tendo morrido sua vontade própria, nunca julgam a vontade alheia; apenas consideram os desejos da minha clemência 89
(89 - Nos escritos de Catarina a "clemência do Pai é o Espírito Santo).
Os perfeitos e perfeitíssimos vivem aqueles ensinamentos que te foram dados no princípio de tua vida, quando fervorosamente suplicavas atingir a pureza total. Refletias, então, sobre o que fazer para consegui-la e te adormentaste. Quando voltaste aos sentidos, a voz do meu Filho ressoou nos teus ouvidos, dizendo:
"Desejas chegar à pureza completa? Desejas livrar-te das preocupações, de modo que teu espírito em nada se escandalize? Procura estar sempre unida a mim no amor, pois sou eu a pureza suma e eterna; sou o fogo que purifica o homem. Quanto mais alguém se avizinhar de mim, mais puro será; quanto mais distante, mais impuro. Quem se une diretamente a mim participará da minha pureza. Há uma segunda coisa que deves fazer para atingir tal união e pureza: ao veres ou ouvires de quem quer que seja, afirmações referentes a mim ou aos homens, não pronuncies julgamentos. Diante de um pecado evidente, procura extrair uma rosa do espinheiro. Em outras palavras: oferece tudo a mim com santa compaixão! Relativamente às ofensas cometidas contra ti mesma, lembra-te de mim, pois sou eu que permito tais coisas para experimentar tua virtude. Para experimentar em ti e nos demais servidores. Recorda-te de que o ofensor foi mero instrumento meu, e que ele age muitas vezes com reta intenção. Ninguém tem o direito de julgar o segredo do coração humano. Se uma ação não te parecer pecado mortal claro, evidente, não julgues interiormente além de quanto faço eu, que estou presente naquelas pessoas; se notares um pecado certo, não condenes; procura apenas compadecer-te. Comportando-te deste modo, chegarás à pureza perfeita. Teu espírito não se escandalizará, nem por minha causa nem por causa dos homens. Quando julgais iníqua a vontade de alguém, como contrária a vós, sem perceber no acontecido um desígnio meu, nasce em vós uma certa raiva contra aquela pessoa; tal raiva vos afasta de mim e prejudica vosso aperfeiçoamento. Em certos casos, chega a eliminar a graça, conforme a maior ou menor gravidade do rancor concebido contra o irmão no momento de condená-lo. Tal é a minha vontade, para vosso bem! Tudo quanto quero ou permito tem uma finalidade: que atinjais a meta para a qual vos criei! Quem ama o próximo, sempre me ama; quem me ama, acha-se unido a mim. Portanto, se desejas a pureza que suplicas, deves realizar três coisas principais: unir-te a mim no amor com a lembrança dos favores recebidos; entender o inestimável amor que vos dedico; não julgar má a vontade alheia, procurando ver nela a minha vontade. Eu sou o juiz; vós não! Assim agindo, muito aproveitarás".
Se bem recordas, foram esses os ensinamentos do meu Filho. Afirmo-te, querida filha, o seguinte: as pessoas que aprenderam a viver tal mensagem, possuem desde este mundo a garantia do céu. Conservando esta mensagem no espírito, escaparás das tentações do demônio e da dificuldade sobre a qual me interrogaste, pois estarás preparada para isso. Mas para ficar mais claro, descerei a maiores detalhes, respondendo aquele teu pedido; vou mostrar-te que vossos julgamentos não devem ser de condenação, mas de compaixão.
Eu disse acima que os perfeitos e perfeitíssimos já possuem a certeza do céu; mas não o possuem ainda. Esperam recebê-lo como recompensa de mim, que sou a verdadeira vida: vida sem morte, saciedade sem fastio, fome sem carência; hão de receber o que desejam, porque o alimento sou eu. Sim, nesta vida já têm a garantia de ir para o céu e experimentam-na. Aqui a alma começa a ter sede da minha glória e da salvação dos homens; sacia tal sede operando no amor pelo próximo. É uma sede insaciável, um desejo que cresce cada vez mais. Todo penhor constitui um início de segurança dado a um homem, em força do qual ele espera receber o pagamento. Em si o penhor não é algo perfeito e supõe a fé, que causa a certeza de receber a paga. O mesmo acontece com a pessoa apaixonada pela mensagem de meu Filho; desde esta vida recebeu a certeza do amor por mim e pelo próximo. Em si mesma, não é uma garantia total, mas prenuncia a perfeição da vida imortal. Tal penhor não é, ainda, a perfeição. Quem o experimenta não saboreia o todo e sente dores em si e por causa dos outros. Em si, por ofender-me devido à lei perversa que faz o corpo combater contra o espírito; nos outros, por causa dos pecados alheios. No entanto, tal penhora é algo de perfeito na realidade da graça, embora não atinja - como disse - o grau dos bem-aventurados que já chegaram até mim. Vida que não mais termina. As aspirações dos santos não contêm sofrimentos; as vossas, sim!
Como disse antes (18.5.3), os perfeitíssimos são sofredores e felizes, à semelhança do meu Filho quando se achava pregado na cruz. Então o corpo de Jesus achava-se doloroso e atormentado, mas sua alma era feliz na união com a divindade. Também os perfeitos e perfeitíssimos, revestidos da minha vontade, são felizes na união de desejos comigo; de outro lado sofrem, porque sentem compaixão pelos outros e afligem a própria sensibilidade, privando-se dos prazeres e gozos da mesma.

24.4 - Deus solicita atenção a Catarina

Filha querida, presta atenção agora, para que fiques esclarecida a respeito do que me perguntaste. Falei-te (24.2) da iluminação comum, necessária a todos, qualquer que seja a vossa condição. Trata-se da iluminação das pessoas que vivem na "caridade comum". Depois expliquei sobre a iluminação da caridade em aperfeiçoamento, que dividi em duas: a daqueles que deixam a vida no pecado mortal e procuram mortificar o corpo e a iluminação de quem eliminou inteiramente o egoísmo. Estes últimos são homens perfeitos, que se alimentam na mesa do desejo santo. Agora, passo a responder às tuas perguntas. Falo diretamente a ti, e por intermédio, aos demais.

24.5 - Três atitudes fundamentais

Desejo de ti três atitudes, a fim de não impedires o aperfeiçoamento a que te chamo e para que o demônio, sob a aparência de virtude, não instile em teu coração a semente da presunção, que poderia levar-te àqueles falsos julgamentos, que te desaconselhei. Pensando estar na verdade, errarias. Às vezes, o demônio até faz conhecer exatamente a realidade, mas para conduzir depois ao erro. A intenção do maligno é transformar-te em juiz dos pensamentos e intenções dos outros. Mas o julgamento, como disse, só a mim pertence.

24.5.1 - Não corrigir o próximo

A primeira coisa que te peço, é que retenhas tua opinião e não julgues os outros imprudentemente. Eis como deves agir: Se eu não te manifestar expressamente, não digo uma ou duas vezes, mas diversas vezes, o defeito de uma pessoa, jamais deves fazer referências sobre tal coisa diretamente à pessoa, que julgas possuí-lo. Quanto aos que te visitam, corrigirás os defeitos genericamente, mediante conselhos sobre as virtudes, e isto com amor e bondade. Em caso de necessidade, usarás de firmeza, mas com mansidão. No caso de que eu te revele por diversas vezes os defeitos alheios, mas não tiveres certeza de que é uma revelação expressa, não fales diretamente sobre o caso. A fim de evitar a ilusão do demônio, segue o caminho mais seguro. O diabo pode enganar-te sob a aparência de caridade, fazendo-te condenar os outros em assuntos não verdadeiros, com escândalo mesmo. Nesses casos, esteja na tua boca o silêncio.
Ao perceberes defeitos nos outros, reconhece-os primeiramente em ti com muita humildade. No caso de existir realmente o pecado em alguém, mais facilmente ele corrigir-se-á se for compreendido bondosamente. A correção que não ofende, obrigá-lo-á a emendar-se. Aquela pessoa confirmará quanto querias dizer e tu mesma te sentirás mais segura, impedindo a intervenção do demônio, o qual não conseguirá enganar-te, prejudicando teu aperfeiçoamento. Convence-te de que não deves acreditar em opiniões. Ao escutá-las, atira-as para trás, nas costas; não as leve em consideração. Procura ir examinando apenas tua própria pessoa e minha bondade, tão generosa. Esta é a atitude de quem alcançou o último grau da perfeição e que, como já disse, sempre retorna ao vale do autoconhecimento. Atitude que, no entanto, não lhe impede o elevado estado de união comigo.
Esta é a primeira coisa que deves praticar, a fim de me servires na verdade.

24.5.2 - Não julgar o interior do homem

Passo a falar da segunda atitude.
Quando estiveres orando diante de mim por alguém e acontecer de perceberes a luz da graça numa pessoa e em outra não, parecendo-te que esta última está envolta em trevas, não deves concluir que a segunda se acha em pecado mortal. Teu julgamento seria muitas vezes errado.
Outras vezes, ao pedires por uma mesma pessoa, de uma feita a verás luminosa e tua alma sentir-se-á fortalecida naquele amor de caridade pelo qual o homem participa do bem do outro; numa outra vez, o espírito daquela pessoa parecerá distante de mim, como que em trevas e pecado, fato que tornará penosa tua oração em seu favor, ao quereres conservá-la diante de mim.
Este último fato pode acontecer, às vezes, devido à presença de pecados naquele por quem oras; mas, na maioria dos casos será por outras razões. Fui eu, Deus eterno, que me afastei da pessoa. Conforme expliquei ao tratar dos estados da alma (18.1.2), retiro-me das almas a fim de que elas progridam no amor. Embora a alma continue em estado de graça, ausento-me quanto às consolações e deixo o espírito na aridez, tristonho e vazio. Quando alguém ora por tal pessoa, costumo transmitir-lhe esses mesmos sentimentos. Quero que ambos, unidos, se entreajudem no afastamento da nuvem que pesa sobre aquela alma.
Como vês, filha querida, seria iníquo e digno de repreensão, se alguém julgasse que a alma está em pecado mortal somente porque a fiz ver envolta em dificuldades, privada de consolações espirituais que possuía antes. Tu e meus servidores deveis esforçar-vos por conhecer-vos melhor, bem como, por conhecer-me. Quanto a julgamentos semelhantes, deixai-os para mim. A mim, o que me pertence; vós, sede compassivos e desejosos de minha glória e salvação dos outros homens. Manifestai as virtude e repreendei os vícios, tanto em vós como nos outros, segundo a maneira como indiquei acima (24.5.1). Desse modo chegareis até mim, após entender e viver a mensagem do meu Filho, a qual consiste na preocupação consigo mesmo, não com os demais. É assim que deveis agir, se pretendeis praticar a virtude desinteressadamente e perseverar na última e perfeitíssima iluminação (24.3), repleta de desejo santo, isto é, de zelo pela minha glória e pela salvação do próximo.

24.5.3 - Respeitar a espiritualidade alheia 

Após discorrer sobre as duas primeiras atitudes, ocupo-me da terceira. Quero que me prestes muita atenção, a fim de que o demônio e tua fraca inteligência não te façam obrigar outras pessoas a viver como tu vives. Tal ensinamento seria contrário à mensagem do meu Filho.
Ao ver que a maioria das almas segue pela estrada da mortificação, alguém poderia querer orientar todos os outros a seguirem pelo mesmo caminho. Ao notar que uma pessoa não concorda, aquele conselheiro se entristece, fica intimamente contrariado, convencido de que o fulano age mal.
Grande engano! Na realidade está mais certo quem pareceria andar errado, fazendo menos penitência. Pelo menos será mais virtuoso, sem grandes macerações, do que aquele que o fica a criticar. Já te disse que devem ser humildes aqueles que se mortificam. Considerem as penitência meros instrumentos, não como a meta. Normalmente, as murmurações prejudicam o aperfeiçoamento no amor. Quem se penitencia, não seja mau, não ponha a sua santidade unicamente no macerar o corpo. O aperfeiçoamento encontra-se na eliminação da vontade própria. A atitude desejável para todos é que submetam a má vontade pessoal à minha vontade, tão amorosa. É isso o que eu desejo. É esse o ensinamento do meu Filho. Quem o seguir estará na verdade.
Não desprezo a penitência. Ela é útil para reprimir o corpo, quando ele se opõe ao espírito. Mas, filha querida, não a deves impor como norma. Nem todos os corpos são iguais, nem todos possuem a mesma resistência física. Um é mais forte que o outro. Como afirmei, muitas vezes motivos fortuitos aconselham a interrupção de alguma mortificação iniciada. Ora, seria falsa tal afirmação, se a penitência fosse algo de essencial para ti ou para outra pessoa. Se a perfeição estivesse na mortificação, ao deixá-la, julgaríeis estar sem minha presença, cairíeis no tédio, na tristeza, na amargura e na confusão. Deixaríeis o exercício da oração, realizando ao mortificar-se. Interrompida assim, com tantos inconvenientes, a mortificação nem seria mais agradável ao ser retomada.
Eis o que aconteceria, se a essência da perfeição consistisse na mortificação exterior e não no amor pela virtude. Grande é o mal causado pela mentalidade, que põe na penitência o fundamento da vida espiritual. Tal mentalidade deixa a pessoa sem compreensão para com os outros, murmuradora, desanimada e cheia de angústias. Além disso, todo vosso esforço para honrar se basearia em ações finitas, ao passo que exijo de vós um amor infinito. É indispensável que considereis como elemento básico de vosso aperfeiçoamento a eliminação da vontade própria; submetendo-a a mim, fareis um ato de desejo agradável, inflamado, infinito para minha honra e para a salvação dos homens. Será um ato de desejo santo, que em nada se escandaliza, que em tudo se alegra, qualquer seja a situação que eu permita para vosso proveito.
Não se comportam desse modo os infelizes que seguem por estradas diferentes daquela, reta e suave, ensinada por meu Filho. Comportam-se de outro jeito: julgam os acontecimentos de acordo com a própria cegueira e com o errado ponto de vista; caminham como louco sem tirar proveito dos bens terrenos nem gozar dos celestes. Como afirmei antes, já possuem a garantia do inferno. 

24.5.4 - Resumo das três atitudes anteriores

Essa é a resposta às tuas perguntas, filha querida, sobre a maneira de corrigir o próximo sem ser enganada pelo demônio e sem conformar-te ao teu fraco modo de pensar. Disse (24.5.1) que deves corrigir o próximo genericamente, sem descer aos casos pessoais. A não ser que eu te revele expressamente a situação de pecado; mas assim mesmo, com muita humildade.
Disse também (24.5.1), e torno a repetir, que jamais deves julgar o próximo, em geral ou em particular, pronunciando-te sobre o estado da sua alma, seja para o bem como para o mal. Expliquei o motivo: o julgamento pessoal é sempre enganador. Tu e os outros servidores meus, deixai para mim todo julgamento.
enfim,expus a doutrina relativa ao fundamento verdadeiro da perfeição (24.5.3), o qual deves ensinar a quem te procurar desejoso de abandonar o pecado e praticar a virtude. Ensinei que deves apresentar como atitude básica o amor à virtude, o autoconhecimento e o conhecimento do meu ser. Ensinarás a tais pessoas, que destruam a vontade própria, que jamais se revoltem contra mim, que considerem a penitência como um meio, não como finalidade principal. Afirmei ainda que não deves aconselhar a mortificação em grau igual para todos, mas de acordo com a capacidade de cada um, em seu estado de vida. A uns pedirás pouco, a outros mais, segundo a capacidade corporal.
Pelo fato de dizer-te que só deves corrigir genericamente, não pretendo afirmar que jamais hás de corrigir pessoalmente. Serás até obrigada a fazê-lo. Quando alguém se obstina em não emendar-se, podes recorrer a duas ou mais pessoas; e se isso for inútil, apresenta o caso à hierarquia da santa Igreja. Ensinei que não deves corrigir tomando como norma teu modo pessoal de ver, teu sentimento interior; baseando-te nele, não podes mudar de opinião sobre as pessoas. Sem prova evidente ou revelação expressa, não repreendas ninguém. Tal modo de agir é o mais seguro para ti, pois ele evita que o demônio te engane com aparências de amor fraterno.

24.6 - Visão e alegria espiritual

Filha querida, expliquei-te o que é necessário fazer para o aperfeiçoamento da alma; vou atender agora àquele teu pedido, relativo à minha presença durante as visões ou demais manifestações, que alguém julgue ter. Disse que o sinal distintivo de que estou visitando a alma é a alegria, o desejo das virtudes e, sobretudo, grande humildade e amor. Tu me perguntaste, porém, se a alegria não pode iludir a alma. Desejas estar do lado mais seguro, queres um sinal definitivo de que não padeça engano. Vou falar-te de uma possível ilusão e sobre o modo de saber quando a alegria é autêntica ou não.
A ilusão possível é esta: alegra-se uma pessoa, quando obtém aquilo que desejava. E quanto maior for seu desejo, menor atenção prestará à causa da alegria. A posse do objeto desejado, o prazer sentido, impedem que sua consideração seja clara e distinta. Isto acontece com almas que gostam de consolações espirituais e vivem à procura de visões, depositando maior interesse nelas que em mim. Já te disse (18.1.2) que essa é a atitude daqueles que estão no estado do amor imperfeito. Eles se aplicam mais em obter consolações, do que em amar. Pois bem, é exatamente neste ponto que se acha a ilusão relativa à alegria. Outros enganos existem, mas deles já falei longamente (18.3.2). No caso presente, como acontece?
Quem ama as consolações espirituais, alegra-se grandemente ao recebê-las. Contente em possuir quanto desejava, muitas vezes se rejubila por artifícios do demônio. Já ensinei (18.3.2.3) que as visões ou consolações provocadas pelo demônio começam causando alegria, mas que depois se transformam em sofrimento e remorso, num vazio da caridade e das virtudes que leva a pessoa ao abandono da oração. Portanto, se a satisfação e a alegria não estiverem acompanhadas de amor pela virtude; se a pessoa não for humilde e muito caridosa, é sinal de que tal visita ou consolação não procede de mim, mas do diabo. Como disse, todo prazer espiritual não acompanhado de virtude, revela claramente que sua origem provém do apego à auto-consolação. 
Todo homem se alegra ao conseguir o que ama; esta é a própria condição do amor. Disto decorre, pois, que não podes confiar somente no contentamento interior, mesmo quando ele persevere depois da visão.Por si mesma, sem outro recurso à prudência humana, a alegria é insuficiente para dizer se se trata de engano do demônio. É preciso agir com discernimento, examinando se o contentamento está acompanhado ou não pelo amor à virtude. Isso dirá se a visita interior é minha ou do diabo. O sinal de que falava, portanto, é o seguinte: o que prova minha presença na alma é a alegria interior com as virtudes. É um sinal que demonstra a verdade: diz se há ilusão ou não, indica se o contentamento vem de mim, do egoísmo ou do demônio. A alegria causada por mim contém amor à virtude; aquela causada pelo diabo limita-se unicamente ao contentamento. Um exame atento fará ver que a virtude da pessoa, após a consolação, continua a mesma de antes; o contentamento em si é somente indício do amor por si mesmo.
Quero dizer-te, porém, que somente os imperfeitos caem nesta ilusão do enlevo pelo prazer espiritual, dando mais valor ao dom que ao doador. Os homens inflamados de caridade não pensam em si mesmos, mas em mim, o doador. Por atribuírem pouco valor ao tempo presente, colocam sua felicidade espiritual em mim e não se deixam enganar. Se o diabo os tenta iludir, manifestando seus pensamentos em forma de luz, dando-lhes alegria, eles sabem distinguir. Desapegados das consolações, usam de discernimento e percebem a ilusão. Por tratar-se de uma alegria passageira, sentem-se no escuro; humilham-se, então, mediante o autoconhecimento, deixam de lado aquela consolação e apegam-se fortemente à mensagem do meu Filho. O demônio, confundido, não mais voltará, ou somente raras vezes.
As pessoas apegadas às consolações costumam receber muitas visitas do diabo em forma de luz. Que tais pessoas procurem entender, pela maneira explicada, se se trata de uma ilusão: investigue se a alegria interior está acompanhada pelas virtudes; se a alma sai dessa visão com maior humildade, caridade, desejo santo, ou seja, com mais amor por mim e pela salvação dos outros. Bondosamente providenciei que todos vós, perfeitos e imperfeitos, qualquer que seja vossa situação, não sejais enganados. Basta ter a mente iluminada pela fé e impedir que o diabo vos obscureça. Se vós mesmos não afastais o egoísmo, ninguém o conseguirá destruir em vosso lugar.

24.7 - Exortação à prece

Filha querida, disse todas essas coisas com clareza; esclareci teu espírito sobre as possíveis ilusões do demônio. Atendi aos teus pedidos, porque não desprezo os desejos dos meus servidores e costumo dar atenção a quem me implora. Até desagradam-me aqueles que, por não viver a mensagem de meu Filho, deixam de bater à porta da sabedoria. Quem realiza sua mensagem, bate à minha porta, chama-me na voz do amor e das orações humildes e contínuas. Sou o Pai que vos dá como alimento a graça do meu Filho. Ele é a porta, ele é a verdade.
Às vezes, para experimentar vosso amor e perseverança, finjo não escutar. Na realidade, escuto e concedo tudo quanto precisais. Dou-vos o desejo e a voz para pedi-lo. Se noto que sois perseverante, bondosos e que estais voltados para mim, atendo aos vossos anseios. Meu Filho vos ensinou a clamar diante de mim quando disse: "Chamai e sereis atendidos, batei e ser-vos-á aberto, pedi e recebereis". Desejo que seja esse teu modo de agir. Nunca desanimes de pedir meu auxílio; não abaixes a voz ao suplicar que eu use de misericórdia para com o mundo. Não deixes de bater à porta, que é meu Filho, mediante a vivência de sua mensagem. Alegra-te com ele na cruz, dedica-te aos outros e ao louvor do meu nome. Chora angustiadamente sobre o homem morto, quando o vês carregado para o cemitério em grandíssima miséria espiritual, impossível de ser descrita. Quero ser misericordioso ante esse clamor e pranto. É quanto exijo dos meus servidores; tal será a prova de que me amam. Como disse acima (24.8), não desprezo seus desejos!

23 . CATARINA OBEDECE À ORDEM DIVINA.

23 . CATARINA OBEDECE À ORDEM DIVINA.



Então aquela serva obedeceu a Deus. 
Elevou seu espírito para compreender a verdade sobre os assuntos que perguntara.

22. PEDIDO DE ATENÇÃO A CATARINA.

22. PEDIDO DE ATENÇÃO A CATARINA.



Então Deus Pai, satisfeito com as intenções daquela serva pela sinceridade do seu coração e pelo desejo de servi-lo, olhou para ela com piedade e misericórdia, dizendo:
- Ó filha e esposa, tão querida e amada! Eleva-te e esforça-te por compreender o inefável amor que sinto por ti e pelos meus servidores. Aplica o ouvido interior dos teus anseios. Quando me escutas, precisas de entendimento. Quero que te eleves acima da sensibilidade. Alegro-me com o teu pedido e vou responder-te. Certamente vós não aumentais a minha felicidade, pois sou aquele que sou! Apenas alegro-me em mim mesmo pelas coisas que criei.

21. CATARINA PEDE ESCLARECIMENTOS A DEUS.

21. CATARINA PEDE ESCLARECIMENTOS A DEUS.



Então aquela serva, inflamada de amor diante da bondosa explicação recebida de Deus sobre os estados da vida espiritual, disse-lhe:
- Agradeço-te, agradeço-te, ó Pai eterno, que realizas as santas aspirações, zeloso autor da nossa salvação, que nos amaste em teu Filho unigênito quando ainda éramos teus inimigos. Por esse teu ardente abismo de amor, imploro tua graça e o perdão. Graças a eles, consiga eu chegar livremente à tua luz, isenta de toda escuridão. Que eu progrida rapidamente na mensagem de teu Filho; que eu consiga superar as dificuldades, diante das quais estou insegura. Gostaria, Pai eterno, que desses as devidas explicações antes de passares a outros assuntos além dos estados da alma.
A primeira dificuldade é a seguinte: se alguém me procurar, ou dirigir-se a outro servidor teu, pedindo conselhos desejoso de servir-te, que conselhos devo dar? Lembro-me, ó Deus eterno, de que me disseste: "Sou aquele que gosta de poucas palavras e muitas ações", mas ficaria muito satisfeita se me falasses ainda. Pode acontecer, quando estou orando por todos os homens ou por um teu servidor, ver a alma deles bem disposta, parecendo-me que ela é do teu agrado, e ver a alma de um outro nas trevas. Em tais casos, Pai eterno, posso pensar que o primeiro se acha na luz e o outro na escuridão? Além disso, se notar que uma pessoa vive mortificando-se, e uma outra não, devo concluir que é mais perfeito aquele que se penitencia? Rogo-te; não seja eu enganada por minha limitada compreensão. Explica-me no caso particular, quanto disseste em geral.
A segunda dificuldade sobre a qual peço esclarecimentos é esta: quais são os sinais reveladores de tua presença ou "visita" na alma, para que eu possa discernir se és tu ou não? Se bem me lembro, disseste que a pessoa sente alegria e fervor na prática das virtudes. Gostaria de saber: tal alegria não pode confundir-se com a satisfação pessoal? Se assim for, então devo limitar-me a olhar a prática das virtudes?
São estas as perguntas que te faço, verdade eterna, para que eu possa servir a ti e ao próximo sem cair em falsos julgamentos contra pessoas, contra servidores teus. De fato, creio que o julgamento falso afasta o homem de ti. Prefiro não incidir nesse inconveniente.