terça-feira, 8 de outubro de 2013

DEUS PAI FALA SOBRE JESUS CRISTO - PONTE

10 . DEUS PAI FALA SOBRE JESUS CRISTO - PONTE


10.1 - O diretor espiritual
  
   Então Deus, respondendo à terceira petição - referente à salvação pessoal daquela serva - disse-lhe:
   - Filha, eis o meu desejo: que ele (o diretor espiritual) procure agradar-me mediante o ardor apostólico em grande zelo. Certamente nem ele, nem ninguém o fará livre de numerosas perseguições, por mim permitidas conforme já expliquei (2.4). Sou eu que as envio. Se desejais ver-me honrado na santa Igreja, havereis de possuir também a aspiração interior de sofrer com paciência. Nessa atitude eu verei que ele, tu e os demais servidores realmente procurais a minha glória. Somente assim ele será um filho caríssimo; somente assim ele e os outros descansarão sobre o peito do meu Filho, o qual foi colocado como ponte, a fim de que possais atingir a meta e obter o prêmio pelas fadigas suportadas por meu amor. Comportai-vos, pois virilmente.
  
   10.2 - Jesus Cristo é uma ponte

      Acabo de dizer-te que fiz do meu Filho, o Verbo encarnado, uma ponte. É a realidade. Deveis saber, meus filhos, que a estrada (do céu) fora interrompida pela desobediência de Adão. Ninguém mais chegava à vida eterna. Não mais participando daqueles bens, em vista dos quais os criara, os homens deixaram de glorificar-me, conforme era seu dever; não realizavam meu plano.
   Eis meu plano: criara o homem à minha imagem e semelhança para que alcançasse a vida eterna, participando do meu ser, experimentasse minha suma, eterna e doce bondade. O pecado veio impedir-lhe de atingir essa meta. O homem deixava de realizar meu plano, pois a culpa lhe fechara o céu e a porta da minha misericórdia. O pecado fez germinar na humanidade espinhos e sofrimentos, tribulações numerosas, rebelião interna. Ao revoltar-se contra mim, o homem criava rebelião dentro de si. Em consequência da perda do estado de inocência, a carne se revoltou contra o espírito. Tornou-se o homem um animal imundo. Todas as coisas insurgiram-se, exatamente naquilo que iriam obedecer caso ele se conservasse no estado da criação. Pecou a humanidade, desobedeceu, mereceu a morte eterna para a alma e o corpo.

10.3 - O rio do pecado

   Com o advento do pecado, imediatamente brotou um rio tempestuoso, cujas ondas continuam a açoitar a humanidade. São as misérias e males provenientes do próprio homem, do demônio e do mundo. Nele todos se afogavam; ninguém mais, graças às virtudes pessoais, atingia a vida eterna. Para remediar a tantos males, construí a ponte no meu Filho, que permitiria a travessia do rio sem perigo de afogar-se. O rio é o proceloso mar desta tenebrosa vida.
   Considera, pois, quanto a humanidade me é devedora e quanto é tolo aquele que prefere morrer no rio, ao invés de usar o remédio que providenciei.

10.4 - Como caminha a humanidade

  Usa a tua fé! Verás homens cegos e pecadores, homens imperfeitos, homens perfeitos que realmente me seguem. Desejo que chores a condenação dos maus, que exultes com a perfeição dos meus queridos filhos. Verás como andam os que seguem na luz, e aqueles que seguem pela escuridão. Mas antes, quero que contemples a ponte do meu Filho, que vejas sua grandiosidade. Ela se estende do céu à terra, pois nela a "terra" da vossa natureza humana está unida à divindade sublime, graças à encarnação que realizei no homem.

10.5 - Grandiosidade da ponte

   Como te disse (10.3), para ajudar-vos a deixar o mundo e chegar à vida eterna, foi preciso que eu reconstruísse a estrada interrompida. Com material puramente humano era impossível fazer uma ponte de envergadura tal, que atravessasse o rio do pecado e atingisse a vida eterna. Vossa natureza humana era incapaz de satisfazer pela culpa e de cancelar a mancha do pecado de Adão, mancha que estragara a humanidade e lhe dera o mau cheiro da culpa. Já falei sobre isso (4.2). Ocorreu que o humano se unisse à Deidade eterna; somente assim foi possível dar satisfação por todos os homens. A natureza humana iria padecer e a divina aceitaria o sacrifício de meu Filho, sacrifício oferecido na intenção de retirar-vos da morte e restituir-vos a vida. Desse modo, o Altíssimo humilhou-se ao plano humano e das duas naturezas construiu uma ponte, desobstruindo a estrada. Para quê? A fim de que vós pudésseis ser felizes com os anjos. Todavia, de nada adiantaria terdes meu Filho como ponte, se não a atravessásseis.

10.6 - Colaboração humana

   A estas alturas, a Verdade eterna fez ver (à serva) que - se nos criou sem a nossa colaboração -, sem ela não nos salvará. Deus quer que operemos voluntária e livremente, que preenchamos o espaço de nossa vida com as verdadeiras virtudes. Aos poucos, foi dizendo:
   - Todos vós deveis passar por esta ponte, louvando-me através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades, a exemplo do meu doce e amoroso Verbo encarnado. Não há outro modo de chegar a mim. Sois operários meus; coloquei-vos a trabalhar na vinha da santa Igreja. Como enviados meus, por graça operais no povo cristão. Para isso vos dei a iluminação do santo batismo. Das mãos dos ministros hierárquicos, que pus na Igreja a trabalhar convosco, o recebestes. Vós vos encontrais no povo cristão, eles na hierarquia. São encarregados de apascentar vossas almas e ministrar-vos o Sangue de Cristo nos Sacramentos. Com estes, eles extirpam os espinhos do pecado mortal e semeiam a graça. São trabalhadores de vossas almas, inseridos na santa Igreja.
   Cada pessoa tem uma vinha, a vinha da própria alma. Nela trabalha com a vontade pessoal, livre, durante o tempo desta vida. Acabado este tempo, nenhum outro trabalho será realizado, seja para o bem como para o mal. Agora, sim, cada um pode industriar-se na vinha em que o coloquei. O operário de tal vinha - a vontade - recebe de mim tamanha força, que criatura alguma, mesmo o demônio, é capaz de impor-lhe algo sem o seu consentimento. Semelhante força lhe é dada no batismo, bem como, o amor pela virtude e o ódio pelo vício. Esse amor e ódio provêm do Sangue de Cristo, o qual, versando o Sangue por amor a vós e repulsa ao pecado, até morreu. É deste Sangue que recebeis a vida divina no batismo.
   Tendes, então, a espada do amor e do ódio. Deve ser livremente usada durante a vida terrena para destruir os pecados e semear a virtude. Mas é unicamente nos ministros, por mim postos na Igreja para lutar contra o mal e distribuir a graça no ministério do Sangue pelos sacramentos que obtereis o fruto desse Sangue. Começareis por purificar-vos com contrição interior, desapegando-vos da iniquidade e desejando a virtude. Sem essa predisposição, exigida na medida de vossas possibilidades, como ramos unidos à Videira, que é meu Filho (Jo 15,1), nada recebereis.
   Dizia meu Filho: "Eu sou videira verdadeira e vós os ramos; meu Pai é o agricultor" (Jo 15,5). Sim, eu sou o agricultor. De mim se originam todos os seres. Tenho um poder incalculável pelo qual governo o universo; nada me escapa. Fui eu o agricultor que plantou a verdadeira vinha, Cristo, no chão da humanidade, para que vós, unidos a ele, possais frutificar. Quem não produzir ações santas e boas, será cortado da videira e secará. Separado, perderá a vida da graça e irá para o fogo eterno. Sim, é isso que acontece com o ramo infrutífero; será cortado e lançado ao fogo; para nada mais serve. Quem morre no pecado mortal, longe de Cristo, para nada serve e a justiça divina o envia ao fogo que não se extingue. São homens que descuidaram da própria vinha, arruinando-a, bem como a dos outros. Nada tendo semeado de bem, até arrancaram a semente da graça batismal. Depois de beber o Sangue de meu Filho, vinho da videira que é Cristo, desenterraram a semente, jogaram-na fora para alimento dos animais, isto é, dos próprios pecados. Pisotearam a semente com o egoísmo, ofenderam-me, prejudicaram a si mesmos e aos demais.
   Não agem por tal forma os  meus servidores. Vós deveis permanecer enxertados na videira de Cristo. Ao participar de sua seiva, produzireis muito fruto. Unidos ao Verbo, meu Filho, estareis em mim. Somos uma só coisa. Se permanecerdes nele, seguireis sua mensagem, participareis da natureza do Verbo encarnado. Em outras palavras: participareis da Deidade, dela alcançando um amor divino que inebria a alma. Como disse, participareis da substância da videira.
   Sabes que faço, quando os servidores seguem a mensagem do meu amado Verbo encarnado? Eu os podo (Jo 15,2) a fim de que produzam mais fruto, um fruto bom, não selvático. Comporto-me como o lavrador, que desejando conseguir mais vinho, poda a ramagem da videira; encontrando ramos estéreis, ele os corta e atira ao fogo. Eu, lavrador perfeito, faço o mesmo: servindo-me das contradições, podo os servidores que estão unidos a mim. Quero que frutifiquem mais e melhor; que suas virtudes sejam provadas. Quanto aos ramos infrutíferos, corto-os e jogo-os no fogo.
    Os bons operários cultivam sua vinha. Extirpam o egoísmo, revolvem o solo das afeições pessoais, fazem germinar a semente da graça batismal. E ao mesmo tempo em que cultivam seu campo, ajudam no alheio, pois as vinhas são interdependentes. Já disse que todo bem ou mal se realiza nos outros. Sois operários meus; de mim, sumo e eterno agricultor, vós saístes. Enxertei-vos na videira-Cristo pela encarnação. Recorda-te de que todos os homens possuem uma vinha, diretamente limitada com a vinha do próximo. A dependência mútua é tal, que ninguém pode praticar o bem ou o mal sem envolver os outros.
   Da soma de todos vós constitui-se um campo universal, aquele de todos os cristãos. que estão unidos à hierarquia da santa Igreja, da qual recebeis a vida. Nessa vinha encontra-se a videira-Cristo, à qual deveis estar enxertados. Em caso contrário, sereis filhos rebeldes da santa Igreja, membros decepados, a caminho da podridão. Durante esta vida, sempre podereis lavar-vos do mau cheiro do pecado pelo arrependimento, sempre podereis recorrer a meus ministros, os operários que possuem as chaves da adega do vinho, isto é, do Sangue de Cristo. Tal sangue é perfeitísssimo, e nenhum defeito no ministro consegue anular seus efeitos.
   O laço que une tais pessoas é a caridade pela humildade, sendo esta última adquirida no duplo conhecimento de mim e de si. Sois meus operários. Exorto-vos mais uma vez. O mundo está em decadência, crescem os espinheiros que abafam a semente. Mais ninguém quer produzir frutos na graça. Quero que sejais operários fiéis; quero que com grande esforço, auxilieis a hierarquia no cultivo das almas. Para isso vos escolho, quero ser misericordioso para com o mundo, em favor do qual tanto me suplicas! 


 

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