sexta-feira, 8 de agosto de 2014

21. CATARINA PEDE ESCLARECIMENTOS A DEUS.

21. CATARINA PEDE ESCLARECIMENTOS A DEUS.



Então aquela serva, inflamada de amor diante da bondosa explicação recebida de Deus sobre os estados da vida espiritual, disse-lhe:
- Agradeço-te, agradeço-te, ó Pai eterno, que realizas as santas aspirações, zeloso autor da nossa salvação, que nos amaste em teu Filho unigênito quando ainda éramos teus inimigos. Por esse teu ardente abismo de amor, imploro tua graça e o perdão. Graças a eles, consiga eu chegar livremente à tua luz, isenta de toda escuridão. Que eu progrida rapidamente na mensagem de teu Filho; que eu consiga superar as dificuldades, diante das quais estou insegura. Gostaria, Pai eterno, que desses as devidas explicações antes de passares a outros assuntos além dos estados da alma.
A primeira dificuldade é a seguinte: se alguém me procurar, ou dirigir-se a outro servidor teu, pedindo conselhos desejoso de servir-te, que conselhos devo dar? Lembro-me, ó Deus eterno, de que me disseste: "Sou aquele que gosta de poucas palavras e muitas ações", mas ficaria muito satisfeita se me falasses ainda. Pode acontecer, quando estou orando por todos os homens ou por um teu servidor, ver a alma deles bem disposta, parecendo-me que ela é do teu agrado, e ver a alma de um outro nas trevas. Em tais casos, Pai eterno, posso pensar que o primeiro se acha na luz e o outro na escuridão? Além disso, se notar que uma pessoa vive mortificando-se, e uma outra não, devo concluir que é mais perfeito aquele que se penitencia? Rogo-te; não seja eu enganada por minha limitada compreensão. Explica-me no caso particular, quanto disseste em geral.
A segunda dificuldade sobre a qual peço esclarecimentos é esta: quais são os sinais reveladores de tua presença ou "visita" na alma, para que eu possa discernir se és tu ou não? Se bem me lembro, disseste que a pessoa sente alegria e fervor na prática das virtudes. Gostaria de saber: tal alegria não pode confundir-se com a satisfação pessoal? Se assim for, então devo limitar-me a olhar a prática das virtudes?
São estas as perguntas que te faço, verdade eterna, para que eu possa servir a ti e ao próximo sem cair em falsos julgamentos contra pessoas, contra servidores teus. De fato, creio que o julgamento falso afasta o homem de ti. Prefiro não incidir nesse inconveniente.

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